A história dos arranjos de flores vem de alguns milênios, e parece que está destinada a fazer parte da vida de cada pessoa, sejam homens mulheres ou crianças. No entanto, houve um tempo na sociedade que os arranjos de flores eram mais associados às mulheres; afinal, as flores são lindas e as mulheres tendem a ser adoradas como belas flores da natureza. Sendo assim, a cultura geral tende a pensar que as Flores nunca poderiam estar associadas com a masculinidade ou como símbolo de um exercício varonil. Mas se olharmos para a história dos arranjos florais descobriremos que tanto os homens, mulheres, chefes de estado, reis e mesmo alguns exércitos fizeram uso criativo da simbologia das plantas e Flores. Tenha certeza também que provavelmente vai existir um momento de sua vida que será marcado pela presença de uma flor.
Para termos uma visão melhor do assunto vamos começar com os antigos egípcios, onde existem registros históricos de 2.800 AC. Com o uso de flores e formas de arranjos florais. São ilustrações feitas em alto relevo, em pedra esculpida, deixados na história da humanidade, assim como na Arquitetura e decoração de paredes pintadas, sempre rica em detalhes de arranjos florais, uso de flores em guirlandas, fazendo perfumes, na alimentação ou como analogia para os sentimentos expressos nas obras de Arte até os dias de hoje.
Arranjos de Flores no Antigo Egito
A arte dos arranjos de flores ou arranjos florais foi um componente muito importante na cultura Egípcia e os registros históricos indicam que era comum o uso de vasos com flores de corte, arranjos de flores, guirlandas, coroas de flores, cocares florais, colares, como também o uso de flores na decoração de eventos, cerimoniais, procissões ou simplesmente na decoração da mesa, do lar ou ambientes. Este fato pode ser observado nas flores de lótus esculpidas em relevo, em pedra, bem como nas decorações das paredes pintadas e estilizadas que existem até hoje. Poderemos notar também que até na Arquitetura as flores eram fonte de inspiração para esta antiga civilização, como nas colunas decoradas dos antigos templos. Decorações com lótus branco, friso em um palácio em Amarna (1352-1336 AC)
As flores estavam presentes no antigo Egito praticamente em todos os momentos, basta saber que a flor de Lótus (lótus do Egito ou lótus branco) simbolizava o Alto Egito e o Papiro representando o Baixo Egito. Por causa das regras formais da arte egípcia, o Lótus (Nymphaea lotus) consagrado para a deusa Ísis e o papiro são as plantas em destaque nesta civilização, descritos durante quase 2000 anos de forma quase que exclusiva. Esta flor aparece frequentemente nas antigas decorações egípcias..
Os antigos egípcios usavam nos arranjos de flores os recursos vegetais naturais da região do Alto e Baixo Nilo. Uma mudança sutil começa a aparecer somente durante a era ptolomaica (305-30 AC) onde foram encontradas receitas egravuras de como fazer perfumes com flores, guirlandas com outros tipos de flores em adornos de múmias e mesmo alguns escritos da Grécia e Roma antiga descrevem que nesta época no antigo Egito existiu uma vida com maior variedade vegetal, mostrando que as plantas estrangeiras tinham sido introduzidas. Vinda da Pérsia, a lótus rosa (Nelumbo nucifera) também começou a ser cultivada no Egito, mas durante este último período a Rosa certamente era a flor que ocupava lugar principal nesta mudança. Também foi uma das primeiras civilizações em imortalizar as flores artificialmente, confeccionando peças com motivos florais em materiais duráveis, como por exemplo, o ouro.
A flor de flor de Lótus Branca era cultivada em lagoas e pântanos, sendo que as plantas mais populares entre os egípcios estavam incluídas o Papiro e a Palmeira. Como flores mais utilizadas, temos duas espécies nativas de lótus: o lótus branco (Nymphaea lótus) e a espécie azul, a sagrada Flor de Lótus (Nymphaea caerulea), Acácia, Papoula, Lírios, Rosas, Jasmins, Narciso e a Peônia entre outras.
Fatos interessantes sobre a flor de Lótus
A flor de lótus é citada em várias civilizações antigas como sendo uma flor especial. Para os Egípcios, o primeiro dos deuses emergiu do Caos inicial e da escuridão sobre uma flor de lótus, assim como acreditavam que a flor de lótus deu-lhes força e poder; restos da flor foram encontrados na tumba de Ramsés II.
O número 1.000 na antiga numeração egípcia é representado pelo símbolo do lótus branco.
Desta flor também era extraída a essência para a fabricação de perfume. Eles também usaram o lótus branco em guirlandas, para ofertas do templo e adorno feminino.
A flor de Lótus "Nelumbo nucifera" ou lótus sagrado é uma planta aquática que desempenha um papel central nas religiões indianas como o hinduísmo, budismo e jainismo.Flor de Lótus rosa - Índia. Está profundamente enraizada na cultura Asiática como símbolo da virtude, disciplina e pureza. Em ilustrações, a Deusa hindu Lakshmi aparece de pé sobre um lótus; em outra, Vishnu está sentado sobre uma flor de Lótus, usando uma coroa de broto de lótus, segurando uma flor lótus. A flor de Lótus Azul é a flor nacional do Sri Lanka.
O número 1.000 na antiga numeração egípcia é representado pelo símbolo do lótus branco.
Desta flor também era extraída a essência para a fabricação de perfume. Eles também usaram o lótus branco em guirlandas, para ofertas do templo e adorno feminino.
A flor de Lótus "Nelumbo nucifera" ou lótus sagrado é uma planta aquática que desempenha um papel central nas religiões indianas como o hinduísmo, budismo e jainismo.Flor de Lótus rosa - Índia. Está profundamente enraizada na cultura Asiática como símbolo da virtude, disciplina e pureza. Em ilustrações, a Deusa hindu Lakshmi aparece de pé sobre um lótus; em outra, Vishnu está sentado sobre uma flor de Lótus, usando uma coroa de broto de lótus, segurando uma flor lótus. A flor de Lótus Azul é a flor nacional do Sri Lanka.
Arranjo de Flores na China e Japão
Uma das civilizações mais antigas, que certamente também teve o prazer de conviver com a beleza das plantas e flores mas que ainda não foram encontrado registros do uso de motivos florais ou arranjos de flores nos objetos encontrados em sítios arqueológicos. Em verdade, existem achados do período Neolítico (10.000 e 7.000 AC) demonstrando que naquela época os antigos chineses já usavam sua capacidade inventiva para desenvolverem métodos para a agricultura e até apreciar a música, ao confeccionarem flautas com os ossos das asas do "Grou da Manchúria ou Grou Japonês". Não podemos negar que alguém que tenha sensibilidade suficiente para dar atenção a este tipo de arte não tenha observado a beleza das flores ao seu redor e usado de alguma forma para adornar ou enfeitar algum momento de suas vidas. Mais para frente - Dinastia Zhou (1066-AC a 221AC) - a maioria dos objetos encontrados deste período fazem referencia a formas geométricas (zig-zag) e animais como dragões, tigres, fênix e uso de motivos zoomórficos como formas ornamentais representado neste vaso de bronze.
As formas de expressões florais da China antiga eram tradicionalmente baseadas na arte da contemplação de Confúcio, o princípio budista da preservação e o simbolismo taoísta. Para o confucionismo, um arranjo floral deve ser contemplado filosoficamente tanto como um símbolo da existência orgânica como por seus aspectos estéticos. Os Budistas usavam as flores com moderação por causa de sua doutrina religiosa, que proíbe tirar a vida, mas na dinastia Tang (618 a 907 DC) foram colocadas flores nos altares do templo em Ku; e estão também no formato de um antigo vaso de bronze para o cerimonial do vinho que data da dinastia Shang (XVIII ao século XII AC) cujo formato foi reproduzido em porcelana em dinastias posteriores. Talvez a influência do Budismo tenha feito existir enorme presença de motivos florais como decoração em muitos objetos de uso comum, como esta xícara com gravura de flores deste período as gravuras e pinturas da China antiga. Este cavalo de cerâmica vidrada com sela decorada com flores da dinastia Tang inclui uma sela cuidadosamente decorada com tiras de couro e fechos ornamentais com oito pétalas de flores e folhas de damasco. Adornos e enfeites com motivos florais podem ser encontrados em outros objetos da época vários objetos como esteespelho com motivos florais. No simbolismo taoísta, as quatro estações do ano foram indicadas pela flor de Ameixa branca para o inverno, a peônia na primavera, o Lótus no verão, e os crisântemos para o Outono. Cada mês também tem sua própria flor e significado. O desejo de longevidade, por exemplo, pode ser expresso com um arranjo de flores com a presença do pinheiro ou bambu. No Ano Novo as características florais são os Narcisos brancos e a Peônia, usada para simbolizar a boa fortuna.
As flores, folhas e plantas usadas para fazer arranjos eram cuidadosamente selecionadas com base em seu significado simbólico. Por exemplo, o bambu, o pessegueiro e a pereira foram usados para simbolizar a importância de viver uma longa vida. Outras flores, como o lírio, a romã e a orquídea, simbolizavam a fertilidade e prosperidade. A mais honrada de todas as flores, no entanto, é a peônia. Esta flor, que é referido como sendo conhecida como "a rainha das flores", simbolizava a riqueza, fortuna e posição elevada.
Arranjos de Flores no Japão
A história sobre os arranjos de flores no Japão é um caso a parte. Trata-se de uma arte elaborada e única, com convenções altamente desenvolvidas e complexo simbolismo. A arte desenvolvida a partir do costume de oferecer flores ao Buda foi introduzida no Japão entre o final do 6º e início do 7º século (período Ono no Imoko). Ono no Imoko era um político ilustre, vindo de uma notável família de aristocratas com destaque em várias áreas, como nos estudos, na poesia e caligrafia, e seguia os ensinamentos do monge budista Ikenobo Senno, fundador da primeira e mais antiga escola de arte floral, a Ikenobo. Todos os mestres depois da escola Ikenobo são seus descendentes. O mais importante entre os primeiros estilos foi o Mitsu-Gusoku, um arranjo de três ou cinco objetos normalmente composto por um queimador de incenso, um castiçal em forma de cegonha, e um vaso de flores. Este arranjo era geralmente colocado frente a imagem de Buda ou dos fundadores das seitas budistas.
Durante o período Muromachi (1336 a 1573) surge um novo e principal estilo que ficou conhecido como "tatebana". Em seguida um estilo mais elaborado chamado "rikka" foi introduzido pelo mestre Ikenobo Senkei por volta de 1460. O estilo rikka simbolizava o início Mítico, o Mount Meru da cosmologia budista. No período Azuchi-Momoyama (1570-1600) surgiu o estilo "Nageire" para em seguida, no período Edo (1603-1867), surgir o mais próximo do atual que conhecemos comoIkebana, e que se tornou o mais popular, dando origem a uma série de diferentes escolas. No início do século 18 um período de três filiais, o estilo assimétrico, shoka, evoluiu a partir do rikka e foi cultivado pela escola Ikenobo. No final do século 18 e início do 19º o estilo shoka suplantou o rikka em popularidade dando início a muitas novas escolas de artes florais.
As flores ocidentais foram introduzidas no Japão após a Restauração Meiji (1868). O grão-mestre Ohara Unshin estabeleceu a escola Ohara (1912) concebendo uma nova base na composição dos arranjos florais, Ohara tinha em mente um novo estilo de ikebana para expressar a beleza do cenário natural. O resultado de seus esforços foi chamado de "moribana", o primeiro passo brilhante na ikebana moderna. O estilo Moribana permitiu maior liberdade na escolha e colocação dos materiais. A variação permitia a criação de pequenas paisagens realistas chamadas shakei, por vezes referindo-se como esboços de memórias. Nestes, superfície de água exposta era uma parte do desenho. Em 1930 um grupo de críticos de arte e mestres de Ikebana proclamou um novo estilo de arte floral chamado zen'ei ikebana (avant-gardem flowers) e isenta de todos os laços com o passado. Sobretudo neste grupo foi o mestre Ikenobo Teshigahara Sofu (1900-79), que fundou a escola Sogetsu em 1927. O novo estilo enfatizou a livre expressão. Ele utilizou todas as formas de vida vegetal, vivos e mortos, e os elementos que haviam sido evitados, como pedaços de ferro, latão, vinil, pedra, sucata de metal, plástico e penas. Cipós, ramos e galhos foram branqueados e pintados e usados até mesmo de cabeça para baixo, com hastes cruzadas, utilizando um número ilimitado de materiais, sendo alguns recipientes de forma grosseiras e exóticas faziam presença na composição artística floral.
No Japão, até 1868 a arte dos arranjos florais era geralmente uma vocação para o homem, principalmente para os sacerdotes budistas, guerreiros samurais e pessoas da nobreza. Depois da restauração Meiji e particularmente após o início do século 20 começou a ser praticada por um grande número de mulheres. Os homens, no entanto, são ainda maioria como mestres das principais escolas.
Durante o período Muromachi (1336 a 1573) surge um novo e principal estilo que ficou conhecido como "tatebana". Em seguida um estilo mais elaborado chamado "rikka" foi introduzido pelo mestre Ikenobo Senkei por volta de 1460. O estilo rikka simbolizava o início Mítico, o Mount Meru da cosmologia budista. No período Azuchi-Momoyama (1570-1600) surgiu o estilo "Nageire" para em seguida, no período Edo (1603-1867), surgir o mais próximo do atual que conhecemos comoIkebana, e que se tornou o mais popular, dando origem a uma série de diferentes escolas. No início do século 18 um período de três filiais, o estilo assimétrico, shoka, evoluiu a partir do rikka e foi cultivado pela escola Ikenobo. No final do século 18 e início do 19º o estilo shoka suplantou o rikka em popularidade dando início a muitas novas escolas de artes florais.
As flores ocidentais foram introduzidas no Japão após a Restauração Meiji (1868). O grão-mestre Ohara Unshin estabeleceu a escola Ohara (1912) concebendo uma nova base na composição dos arranjos florais, Ohara tinha em mente um novo estilo de ikebana para expressar a beleza do cenário natural. O resultado de seus esforços foi chamado de "moribana", o primeiro passo brilhante na ikebana moderna. O estilo Moribana permitiu maior liberdade na escolha e colocação dos materiais. A variação permitia a criação de pequenas paisagens realistas chamadas shakei, por vezes referindo-se como esboços de memórias. Nestes, superfície de água exposta era uma parte do desenho. Em 1930 um grupo de críticos de arte e mestres de Ikebana proclamou um novo estilo de arte floral chamado zen'ei ikebana (avant-gardem flowers) e isenta de todos os laços com o passado. Sobretudo neste grupo foi o mestre Ikenobo Teshigahara Sofu (1900-79), que fundou a escola Sogetsu em 1927. O novo estilo enfatizou a livre expressão. Ele utilizou todas as formas de vida vegetal, vivos e mortos, e os elementos que haviam sido evitados, como pedaços de ferro, latão, vinil, pedra, sucata de metal, plástico e penas. Cipós, ramos e galhos foram branqueados e pintados e usados até mesmo de cabeça para baixo, com hastes cruzadas, utilizando um número ilimitado de materiais, sendo alguns recipientes de forma grosseiras e exóticas faziam presença na composição artística floral.
No Japão, até 1868 a arte dos arranjos florais era geralmente uma vocação para o homem, principalmente para os sacerdotes budistas, guerreiros samurais e pessoas da nobreza. Depois da restauração Meiji e particularmente após o início do século 20 começou a ser praticada por um grande número de mulheres. Os homens, no entanto, são ainda maioria como mestres das principais escolas.
No século 21, a Escola Ohara é liderada por Hiroki Ohara, 5º geração do mestre Ohara Unshin. Acredita-se que exista entre 2.000 a 3.000 escolas ensinando a arte floral, variando em tamanho e com alguns milhões de adeptos. A partir de novembro de 2009, apenas a Escola Ohara tinha mais de um milhão de estudantes em todo o mundo.
Cada escola tem suas próprias regras, embora os estilos possam variar ligeiramente um do outro. Todos os arranjos são construídos assimetricamente, de forma a conseguir um efeito tridimensional e harmonioso. Os estilos tradicionais ainda são ensinados com muitas variações modernas, mas os estilos de arranjos mais ousados e não convencionais parecem ser as mais populares.
Os arranjos florais japoneses influenciaram consideravelmente o Ocidente em meados do século 20, tornando-se muito popular e florescendo como arte nos Estados Unidos, alguns países da Europa e América do Sul.
Nenhum comentário:
Postar um comentário